Sala vazia
Se fecho os olhos,
estou ali, sozinha,
numa sala imensa , branca e vazia.
O silêncio é quase palpável,
quebrado apenas pelo som
de um piano solitário.
As cortinas leves dançam,
como véus de um casamento com o vento.
Por elas, o sol invade,
banhando tudo em ouro quente.
Mas meu coração,
ah, meu coração permanece frio,
como o mármore que nunca aquece.
Meus dedos deslizam pelas teclas,
em uma melodia que não cessa,
"Comptine d’un autre été" preenche o vazio,
um eco de tudo que perdi,
de tudo que não foi dito.
O ar quente envolve minha pele,
mas não chega à alma.
Cada nota que toco
é uma lágrima que não caiu,
um grito abafado na garganta,
um pedaço de mim que se perdeu.
E ali, naquela sala vazia,
sou tudo o que resta:
a música, a dor,
a espera por algo
que talvez nunca venha.