No Silêncio
Se eu pudesse falar com o silêncio
Perguntaria: Por que uns dançam
Na sombra do ouro e outros
Jazem à beira do pouco, carregando
No peito o peso do mundo?
Por que uns vêm para colher sorrisos,
E outros semeiam a dor do serviço?
Por que há mãos que constroem palácios,
E mãos que se quebram no servir?
Se o trabalho do justo é que sustenta o injusto,
Se o suor de um, alimenta o luxo do outro.
Que justiça é essa, pintada nos céus?
Onde uns vivem sem alegria, enquanto outros
Vestem a fantasia e seguem em festa...
Ah, se o silêncio me ouvisse no eco do dia
Perguntaria: Por que tem de ser assim?!
Uns poucos com muito e tantos com pouco.
Por que uns vivem ao relento, sem alegria,
Enquanto outros, moram nela?