A Arte do Revés
Quando a vida arma um revés,
É um plano maquiavélico, bem tramado,
Todas as alternativas se esgotam,
E resta apenas a sensação de perder a dignidade humana.
A mente busca distrações,
Engana o corpo que clama,
O sabor é apenas lembranças,
A fartura se esgotou há anos.
A decadência vem em sequência voraz,
Consome a alma, devora o ser,
Como um cão cheirando o suculento alimento,
Sem poder desfrutá-lo, apenas salivando.
O estômago é como a moela de um frango,
Comendo pedras, moendo a carne de outrora,
Agora, um simples ato de salivar,
Nunca pensei que encher a boca de ar
Daria tamanha saciedade.
Seguir em frente, sozinho,
Beirando a loucura,
Perdendo laços que eram pontos de referência,
É o preço da persistência em meio ao vazio.