SONHO QUEIMADO
No vale em Laranjal, onde a vida canta,
O homem, em sua fúria, a chama levanta,
A várzea, outrora, um manto de flor,
Agora se entrega ao voraz destruidor.
Sob o fogo voraz, ele perde a essência,
Das árvores altas, da verde existência,
E o ar, que ressoa, se torna um lamento,
Um grito de dor, um eterno tormento.
Mãe Natureza, com seu manto de dor,
Observa em silêncio, sente o pavor,
O crime oculto de quem não respeita,
A vida que pulsa, a beleza perfeita.
Os rios, outrora claros, hoje em desespero,
A fauna se esconde, o futuro impróspero,
Os pássaros calados, as flores a murchar,
E o reflexo da vida começa a se apagar.
O homem, cego em sua ambição desmedida,
Ignora a tristeza da Mãe ferida,
E ao queimar as várzeas, com a mão que destrói,
Ele mesmo se perde, é vilão e não herói.
As cidades ao redor, em pranto profundo,
Sentem o impacto do seu ato imundo,
A fumaça que invade, o ar que transforma,
Um veneno sutil, que a saúde entorna.
E quando a natureza, em seu leito de dor,
Resolve revidar, com fúria e rigor,
O homem, que crê ser senhor da criação,
Encontra, surpreso, sua própria ruína em ação.
Assim, em Laranjal, uma lição se revela,
Que o fogo que queima, incendeia a tela,
Da vida que clama por respeito e cuidado,
Para que a harmonia não seja um sonho queimado.