AMIGO INVISÍVEL

Vejo a mesa em pompa e brilho

Enquanto sirvo no exílio

Quando ecos vão embora

É o silêncio que me aflora

 

Ergo as taças, limpo o chão

Eles nem veem minha mão

Sou silêncio em todo o espaço

A cadeira é o meu braço

 

Não é o que senta na mesa

Mas quem puxa, com nobreza

Que sustenta o tom sincero

De um mundo menos austero

 

Os fatos rugem, são trovões

E deixam rastros, emoções

Mas entre as ondas de açoite

Há murmúrios na noite

 

Um sussurro escapa ao grito

Diz verdades no infinito

É na pausa, na fresta

Que a alma encontra a festa

 

Decimar da Silveira Biagini

18 de outubro de 2024