A serpente, a pulseira e a bijuteria
Todos nós temos nossos próprios demônios.
Não me arrependo de minhas escolhas,
E aceito ter de conviver com suas consequências.
Afinal, nada mais cristalino do que não ligar para aparências…
Não tenho habilitação para dirigir um automóvel.
Nunca me ofereceram ajuda para pagar, e eu agradeço.
Já pensou ter que me fingir de bom moço,
Arreganhar meus dentes na rua e gritar dentro de casa por causa do almoço?
Sou quem eu sou: um amontoado de sonhos interrompidos,
Transparente como água, devolvo na mesma moeda.
Afinal, é bem fácil falar o que quer, sem se importar com nada,
E depois vir conversar como se não tivesse ofendido, de cara lavada…
Me afastar de certas pessoas, deixar de falar com pessoas próximas,
Não me doeu como imaginei que doeria. Mostrou que fui tolo
Por me importar com quem há muito tempo me ofendia.
Hoje, não tenho planos para o futuro; vou viver o presente, dia a dia.
E, no final de minha vida, se estiver sozinho, sem família ou um único amigo,
Tenho certeza que não me sentirei, de maneira alguma, amargo,
Pois sei que nada do que eu tenha feito foi responsável por traições.
E, com consciência tranquila, agradeço a cada um que me abandonou e me ensinou tais lições.
Parentes, conhecidos, não família e amigos...
Sua ausência há longos anos, pela dor e tristeza camufladas,
É insignificante, tendo em vista suas bocas hoje caladas.
E, se um dia nos vermos na rua ou em qualquer outro lugar,
Tenham certeza de que poderão vir conversar tranquilamente comigo.
Afinal, a fala é algo derivado de um cérebro desenvolvido;
Não precisa necessariamente ter um apreço íntimo envolvido.
Afinal, responder com simpatia foi algo que minha finada mãe me ensinou.
Tenham em mente que uma cobra pode se parecer com uma pulseira dourada,
Mas apenas a joia forjada por anos de dedicação, antes de prematura partida,
Tem as mesmas propriedades da peça rara perdida,
Enquanto a serpente pode ter a mesma aparência, mas nenhum pingo de sua decência.
E, sem me prolongar mais, encerro esta com um agradecimento sincero:
Em algum momento, nossas vidas tiveram proximidade como um elo,
Mas a corrente que nos unia se arrebentou em brutal flagelo.
As lembranças de noites melhores guardo no coração,
E a esperança de uma nova aproximação… bem, essa já nem mais espero.