Papelão

Já era amanhã.

Logo pela manhã,

no asfalto molhado,

um papelão embolado

rolava com o vento.

Tão pouco desperto,

chegando mais perto,

vi que o tal papelão

não passava de um cão –

que triste lamento!

A criatura inocente,

um bom ser vivente,

pra sociedade doente,

é só um indigente

como lixo descartado –

mas que papelão!