Rio

Daí de cima não verá

Aquilo que me é importante.

No seu castelo só há uma torre,

dá pra ver ao longe,

Só o que passou.

À frente só consegue ver nuvens,

Que só existem nos seus olhos.

Fora, há céu claro,

Um céu de brigadeiro de festa,

Mas, adiante, sua visão é míope.

As correntes amarradas ao passado

ainda tolhem seus passos,

impedem seu caminhar, prendem seus pés

na lama que insiste em rastejar.

Foram anos a fio,

anos de frio

que, como um rio,

esfriando meu brio,

calando meu cio.

Choro, não rio.

Neilton Domingues
Enviado por Neilton Domingues em 13/11/2024
Código do texto: T8196097
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