Rio
Daí de cima não verá
Aquilo que me é importante.
No seu castelo só há uma torre,
dá pra ver ao longe,
Só o que passou.
À frente só consegue ver nuvens,
Que só existem nos seus olhos.
Fora, há céu claro,
Um céu de brigadeiro de festa,
Mas, adiante, sua visão é míope.
As correntes amarradas ao passado
ainda tolhem seus passos,
impedem seu caminhar, prendem seus pés
na lama que insiste em rastejar.
Foram anos a fio,
anos de frio
que, como um rio,
esfriando meu brio,
calando meu cio.
Choro, não rio.