CLEMÊNCIA
E pairou sobre a terra uma noite fria
Ante os olhos pregados no oratório
Gritando gritos de agonia
De quem se redimia de seus pecados no purgatório.
Sobre a terra desceu uma pandemia
Justo nos tempos escassos de amor
Retirando do mundo toda alegria
E deixando em seu lugar só aflição e dor.
Mas se a peste que se abateu sobre o humano
Veio para purificar
Por certo viveu o seu engano
De não conseguir realizar.
O que se viu foi a exploração
Que se alastrou sobre a comoção
A pretexto da negação
Para então justificar
Toda a intenção
De praticar a ação
Para ao outro explorar.
Sobrou e faltou solidariedade
No comportamento humano que em nada mudou
O que se viu de verdade
Foi o bem e o mal que se revelou.
Quem era acostumado na luz
Tomou a sua cruz
E saiu espalhando amor
Mas para quem vivia na treva
Perdido na escuridão
Saiu a espelhar a erva
Que aumentava a aflição.
O tempo parecia apocalíptico
A saúde virou um problema político
Para confundir e enganar
Mas não tem nada não
Vai passar essa assombração
E a gente volta a se encontrar.