Sono
Sono, sono
Profundo sono...
Tens duas vias:
és fonte de conforto
e de agonia,
és alguma tristeza
e alguma alegria,
és tudo isso —
a depender do dia.
Um dia te consigo,
noutro não te tenho.
Há dias em que te tenho
e não te consigo...
Mas o que há
em meio a tudo isso?
Há como um passear,
um vagar por aí
nas ruas da mente,
da alma
e do coração ardente.
Há algum vacilo,
mas também decisão.
Há esquecimento
e rememoração.
Há esforço
e divagação.
Ah, Sono!
Quantas vezes te julguei!
Pois te tinha e não queria,
pensando numa ou noutra agonia...
E tantas vezes quanto
te quis...
Pois uma ou outra agonia
me tornava infeliz...
Mas!
Hoje não!
Hoje o aceito como vier!
Resigno-me a ele
como ele quiser!
Venha o que houver!
Pois só há o necessário:
a presença me faz devanear
e a falta me faz pensar —
ambos a me afastar
do concluir precário.