João Ninguém
Agora me encontro debaixo de uma ponte,
Tendo acolhimento e conforto de estranhos.
Nem me lembro de quando foi a última vez que me sentei à mesa,
Apenas comendo sobras do lixo.
Às vezes finjo não lembrar minha identidade,
Para facilitar o trabalho deles de me ver como invisível.
Não é orgulho, apenas falta de coragem
Para pedir ajuda.
Sim, estamos sobrevivendo no limite.
Sim, tentamos sobreviver ao limite.
Com roupas sujas e rasgadas,
Nem me lembro quando foi meu último banho.
Já é normal a violência, drogas e abusos,
Como também ser julgado.
Às vezes aparecem anjos para nos ajudar,
Mas estamos tão quebrados que não conseguimos em pé nos manter.
Às vezes penso como antes era minha vida,
Até a falsa fé nos corromper.
Sim, estamos sobrevivendo no limite.
Sim, tentamos sobreviver ao limite.
Sim, eu já estou no meu limite.
Sim, no limite.
Grito! Surto! Finjo-me irracional
Pois aos olhos de todos
Não passo de um animal
Sinto frio e calor também
Estou com fome!
E minha barriga ronca de dor
As roupas me vestem,
As comidas me alimentam,
Mas o que sinto muita falta é do amor.
Sim! Eu já estou no meu limite.
Eu saí de casa buscando uma liberdade.
Hoje todos veem como libertinagem,
Um vagabundo ou um marginal,
A um ponto de fazer o mal.
Mas só queria exorcizar falsos ideais
Que destroem a família
Pelos membros incapazes,
Incapazes de ver a verdade,
Gastando palavras para um falso Deus,
Que fecham os olhos para atos que você cometeu
Quando expulsou o seu filho de casa,
Sem respeitar o que ele é,
Apenas para fazer graça ao seu falso pastor.
Agora fique em paz e curta o seu louvor.
Só não esqueça que estou aqui apodrecendo,
Igual você fez com o amor que sentia pelo seu filho,
A quem jurou dar tudo
E agora o deixa sozinho.