Curvas
Há sempre mais perguntas para o curioso
Em escala macro ou micro, o mundo revela seus padrões, que podem ser respostas
Ou mais perguntas esperando o próximo questionador insaciável.
Há retas por todos os lados
Nos prédios, nas casas e carros
Na ponta do lápis, no papel da prova
No quatro, no um e no sete, nas notas
Nas estradas, montanhas, até onde é inviável e não é
Quando se escondem por de trás do horizonte
Mas no globo que é redondo as linhas curvam sobre a superfície
E então de longe
De longe o bastante, é possível ver as curvas onde as retas se encontram
Há curvas por todos os lados
Nos olhos, na boca, nas rodas dos carros
Na ponta do lápis, de novo
No zero, dois, três, cinco, seis, nove e oito
Nos devios, nas nuvens e até nos telhados
Nos rios que descem aos mares, que são grandes lagos
E até nas coisas mais importantes
Se chamam de "linha do tempo" é porque se esqueceram da curva do ponteiro do relógio
Que é quem dita pra gente, o tempo restante
E quando é estressante, diz: perdi a linha!
Mas foi na curva sinuosa da conversa cínica
Que a razão foi deixada de lado em prol da ira
Na irônia das palavras retas e afiadas
Que causam as feridas
E ainda reclamam que o caminho é tortuoso
Mas se fosse reto, seria fácil passar correndo e perder todo o brilho da coisa
A alma, a jornada, o que importa...
E você que fica aí, batendo de porta em porta
Dando teu sangue, teu suor, nessa vida áspera
Nem percebe que é na curva de um sorriso
Que o mundo volta a ter sentido
E tudo voltar a ter sua graça
Ah, curva...
Ninguém nunca fala de você
Ninguém nunca fala...