Medo

Por medo, nada mais do que medo

vestimos armaduras pela vida

e planejamos nossas alegrias

como mera aritmética do antes:

sabores já sentidos

sons, já ouvidos

cores já decifradas

Não percebemos que a armadura

(essa pseudo proteção de falsos combates)

é manto mortuário sobre a vida

Por simples medo do abismo

rouba-nos o espanto, a alegria

para nutrir nosso viver de ontens

Por medo, não vemos que o abismo

só se torna verdadeiramente abismo

porque nos iludimos

com a segurança

das margens

Fernando Armando Ribeiro
Enviado por Fernando Armando Ribeiro em 10/11/2024
Código do texto: T8193813
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