Medo
Por medo, nada mais do que medo
vestimos armaduras pela vida
e planejamos nossas alegrias
como mera aritmética do antes:
sabores já sentidos
sons, já ouvidos
cores já decifradas
Não percebemos que a armadura
(essa pseudo proteção de falsos combates)
é manto mortuário sobre a vida
Por simples medo do abismo
rouba-nos o espanto, a alegria
para nutrir nosso viver de ontens
Por medo, não vemos que o abismo
só se torna verdadeiramente abismo
porque nos iludimos
com a segurança
das margens