Escreve Menina, Escreve
Escrevo
Sim, escrevo
Escrevo até demais
As vezes de menos
Escrevo pra tirar o que não sai da cabeça e precisa ser dito
O que transborda e aflinge
E até quando não há nada, só para não perder o hábito e poder fazer algo do tédio
E então quero mostrar ao mundo
Mas o mundo é gigante demais e tem pessoas de menos à leitura
E ainda de menos são, as que lerão qualquer coisa que eu escrevi
Então meus textos se perdem aqui
Ao descer a fila de tantos outros textos
Em meio a egos sonâmbulos e instrospectivos
Que reinam em seus sonhos, como reis com seus castelos de palavras
Seus reinos de poesias
E seus mundos de arte
Assim como eu reino no meu
Que dito as regras, as formas e os objetivos
Eu que sou o pai, o filho e o mundo que eles orbitam
Eu que sou o sol, os planetas e o universo que os torna risíveis e tristes
Mas não deixo de pensar
Um só dia
No que haverá no dia seguinte
Em que eu me acordar
E me levantar
Pra ver essas páginas como elas realmente são
E me desapontar, talvez com sorte celebrar
Um trabalho bem feito
Um texto bem escrito
Uma obra de orgulho futuro e não de anseios vazios...
Então, sento-me a mesa
E escrevo, de novo.