Entre o vento e o papel
Gostava de escrever,
até descobrir
que não escrevia nada.
Gostava de escrever
tanto quanto de velejar.
Mas velejar pede barco, vento,
tempo – e eu não tinha nada.
Eu achava que sabia,
mas quem acha
quase nunca acha nada.
Escrever é como voar,
e eu gosto de voar,
mas voar pede asas
ou coragem pra despencar.
Escrever pede coragem
pra cruzar pro outro lado do papel,
pra sentir o vento que move
quem vive, escreve e veleja.
Mas eu não sei voar,
nem sei escrever,
e velejar… também não sei.