AO RITMO DAS MARÉS
Quantos passos até o fim da estrada?
Ou será que a jornada se alonga, dispersa e devaneia, como um rio sem pressa que se entrega ao mar,
à vastidão insondável, sem nunca se perder?
Caminhos se cruzam, se espelham, se fundem
e aonde nos levam? Para o reencontro
ou para o enigma de um silêncio antigo,
um susto, um sopro, uma ânsia de ser?
Quem são esses que dançam no palco
sem saber a próxima cena ou o script?
Serão sombras guiadas por mãos invisíveis
ou navegantes buscando um norte etéreo?
E a alma, essa centelha inquieta,
paira entre o silêncio e o salto,
espreitando o destino como quem pergunta,
mas teme a resposta — e ainda assim avança.
No ciclo das marés, na curva do vento,
entre a vida e a morte, há algo maior,
uma dança infinita, um eterno retorno,
onde o fim é começo, e o começo... é o mar.
Tião Neiva