AO RITMO DAS MARÉS

Quantos passos até o fim da estrada?

Ou será que a jornada se alonga, dispersa e devaneia, como um rio sem pressa que se entrega ao mar,

à vastidão insondável, sem nunca se perder?

Caminhos se cruzam, se espelham, se fundem

e aonde nos levam? Para o reencontro

ou para o enigma de um silêncio antigo,

um susto, um sopro, uma ânsia de ser?

Quem são esses que dançam no palco

sem saber a próxima cena ou o script?

Serão sombras guiadas por mãos invisíveis

ou navegantes buscando um norte etéreo?

E a alma, essa centelha inquieta,

paira entre o silêncio e o salto,

espreitando o destino como quem pergunta,

mas teme a resposta — e ainda assim avança.

No ciclo das marés, na curva do vento,

entre a vida e a morte, há algo maior,

uma dança infinita, um eterno retorno,

onde o fim é começo, e o começo... é o mar.

Tião Neiva

TIÃO NEIVA
Enviado por TIÃO NEIVA em 07/11/2024
Código do texto: T8191739
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