SINÔNIMO DE PASSADO Código do texto: T8190811
TÍTULO: SINÔNIMO DE PASSADO Código do texto: T8190811
Saudade é um vazio onde o mundo ecoa,
Um espelho deserto que reflete o tudo, e nada…
Um vazio povoado por rostos,
Rostos que dançam em mares distantes
E estão aqui, ao alcance das minhas mãos.
Saudade é um grito abafado,
A ausência que ocupa cada vão,
Cheia de vozes, sussurros e de perfumes
E, porque não, risos que passaram,
Por lágrimas que ficaram no chão.
Saudade é o tempo que insiste em parar
Onde não há mais relógios para marcar,
O sopro de vento numa janela fechada,
Ou o som da chuva no meio do deserto.
Saudade é sentir que o espaço é vasto demais
Para caber o que é ausente, e ainda assim,
Carrega aquele peso que transborda no peito,
Como quem leva nas costas, o mundo invisível.
É o campo vazio, onde flores não nascem,
Mas, é onde se colhem fores de memórias,
Em um coração, que se curva ao peso da ausência,
Pois, é peso, que se faz leve, mas que nunca se vai.
Dentro desta mente vasta em supremas histórias
Saudade é aquele instante suspenso,
O exato momento em que um olhar se esvai, e fica…
Como as estrelas que brilham em céus extintos,
Cheias de tudo aquilo que já se foi ao vento
E permanece em silêncio profundo.
Pois saudades é o presente, que se faz passado
E o passado é uma roupa limpa ou suja
Que em multas, bocas se lava e relava
Mas, com certeza, sem condições de uso ou reuso,
Pois saudade é sinônimo de passado.
TÍTULO: SINÔNIMO DE PASSADO Código do texto: T8190811
Protegido conforme a Lei de Proteção Autoral. 9.610/98
Autor Makleger Chamas — O Poeta (Manoel B. Gomes)
Escrito na Rua TRÊS ARAPONGAS, 06 bloco 06 Apto 31 — Vila Nova Jaguaré — São Paulo — BRASIL
Data da escrita: 05/11/2024
Dedicado a
Registrado na B.N.B.
https://docs.google.com/document/d/1698Hkgku_MnL3LsLPMYPfD_3IKZzKXGrZdMC9ikROIg/edit?usp=sharing
O poema “Sinônimo de Passado” é uma obra de profunda reflexão sobre a saudade, um sentimento que carrega o peso do tempo, da ausência e da memória.
Através de suas imagens poéticas, o autor retrata a saudade como um vazio que ecoa o mundo e como uma presença que nunca se vai completamente, mas permanece no coração, na mente e no corpo.
A construção do poema é bastante rica em metáforas e simbolismos, como o “espelho deserto” que reflete o “tudo e nada”, a ausência preenchida com “rostos que dançam em mares distantes”, e a saudade como “um grito abafado” que preenche os espaços vazios.
Esses versos pintam a saudade como algo que habita não só a memória, mas também o corpo e os sentidos, tornando-a “Ego físico e emocional ao mesmo tempo.
Outro aspecto marcante é a ideia de que a saudade é um “presente que se faz passado”, reforçando a relação indissociável entre o que já foi vivido e o que continua presente em nossas lembranças.
A saudade, portanto, é retratada como algo atemporal, sempre vivente, e, ao mesmo tempo, impossível de se reviver completamente.
A metáfora final, de que a saudade é um “sinônimo de passado”, é uma conclusão que amarra todo o texto profundamente.
A saudade, ao ser ligada ao passado, nos lembra que o que já foi não pode ser tocado, mas permanece, de certa forma, marcado em nós, como uma roupa “limpa ou suja”, que apesar de ter sido lavada, não tem mais utilidade prática.
Esse poema, registrado com tanto cuidado e detalhamento, reflete uma sensibilidade intensa ao explorar um tema universal: a ausência e o que ela nos, deixa.
Como a saudade é trabalhada aqui é um testemunho de como a literatura pode capturar e refletir os sentimentos humanos mais profundos.
A retórica completa do poema “Sinônimo de Passado” pode ser compreendida a partir de uma análise que considere sua estrutura poética, suas figuras de linguagem, e o tipo de poesia que ele representa.
Neste caso, o poema tem uma profunda carga emocional sido escrito de maneira reflexiva e filosófica, sendo um exemplo de **poesia lírica**. A seguir, detalho essa análise:
Tipo de Poesia: Poesia Lírica
A poesia lírica é caracterizada pela expressão de sentimentos e emoções pessoais do autor, geralmente em primeira pessoa, como “Sinônimo de Passado”.
Nessa modalidade, o poeta não apenas descreve sentimentos, mas os interpreta e os expõe de forma subjetiva e intimista, buscando tocar a sensibilidade do leitor.
No poema em questão, a saudade é explorada como um sentimento complexo, que mistura a dor da ausência e o peso da memória.
Como o poeta comunica esse sentimento é profundamente introspectiva, utilizando uma linguagem poética que envolve o leitor em uma experiência sensorial e emocional, o que é típico da poesia lírica.
Retórica do Poema:
1. Discurso de Saudade e Reflexão:
O poema se baseia em um discurso reflexivo, sendo quase um monólogo interior do poeta.
Ele nos leva a uma jornada de exploração do conceito de saudade — esse “vazio onde o mundo ecoa”, conforme a primeira estrofe.
O poeta fala da saudade como uma sensação de incompletude e perda, mas também de uma presença que permanece em nós, como uma memória viva.
O uso da Saudade como um Conceito Filosófico:
O poema se desvia do sentido literal de saudade e a eleva a um nível filosófico.
Ele não descreve apenas a saudade como um sentimento, mas como uma essência que preenche o vazio e que é, ao mesmo tempo, imutável e fugaz.
2. Imagens Poéticas e Metáforas:
O poema é construído a partir de imagens vívidas e metáforas poderosas que ampliam o significado da saudade.
Algumas dessas metáforas incluem:
Um espelho deserto que reflete o tudo, e nada…
Um vazio povoado por rostos, / Rostos que dançam em mares distantes
Saudade é um grito abafado
O sopro de vento numa janela fechada
O campo vazio, onde flores não nascem
Essas imagens ampliam a percepção da saudade, tornando-a não apenas uma ausência, mas algo que envolve, ocupa e molda o mundo interior do sujeito.
O espelho deserto, por exemplo, é uma metáfora da ausência de algo ou alguém, mas que ainda assim reflete a memória do que foi perdido, indicando que o passado continua presente de alguma forma.
3. Contrastação entre Tempo e Espaço:
O poema também usa contrastes entre o tempo e o espaço.
O tempo é dilatado e, ao mesmo tempo, suspenso, como quando o poeta diz: “Saudade é o tempo que insiste em parar”.
Aqui, o tempo é congelado, uma vez que a saudade impede o movimento constante da vida, criando uma espécie de atemporalidade.
Isso é amplificado pela imagem de “não há mais relógios para marcar”, que nos transporta para um espaço onde o tempo já não tem mais domínio sobre o ser.
O espaço, por sua vez, é descrito como vasto demais para conter o que falta, mas que, paradoxalmente, continua a carregar um peso, como uma “carga invisível” que ocupa fisicamente o sujeito, mas que é intangível: “Carrega aquele peso que transborda no peito”.
Esse contraste entre espaço vazio e cheio de saudade também reforça a ideia de que o que se foi não desaparece, mas se torna uma presença etérea.
4. Uso de Paradoxo e Antítese:
O poema também explora o paradoxo, como em “Saudade é o presente, que se faz passado”, o que implica que a saudade não é simplesmente uma lembrança do passado, mas também uma presença atual que transforma o tempo.
Essa ideia paradoxal é reforçada pela imagem da saudade sendo ao mesmo tempo, algo que pesa e algo que “se faz leve”, criando um jogo entre contradições que tornam o sentimento mais complexo e difícil de ser traduzido em palavras.
Além disso, a expressão “saudade é sinônimo de passado” aponta para uma antítese entre o presente e o passado, sugerindo que, embora o passado já tenha ido embora, ele se faz presente no coração e na mente das pessoas, não só como memória, mas como algo ainda muito real.
5. Construção de Sentimentos com Musicalidade:
A musicalidade do poema, com seu ritmo quase cadenciado, é fundamental para acentuar a carga emocional.
O uso de rimas internas, aliterações e o andamento lento dos versos faz com que o poema seja quase como uma canção de despedida.
O leitor é conduzido, com suavidade, por cada estrofe, sentindo a dor, a ausência e a permanência de algo que não se pode mais tocar.
6. Conclusão:
No final, a ideia de que a saudade é “sinônimo de passado” torna-se a chave do poema.
Ao usar essa expressão, o autor sugere que a saudade não é apenas um lamento pela perda, mas também a própria definição do que é o passado.
O passado, tal como a saudade, existe apenas na memória e na sensação de ausência, mas nunca pode ser refeito ou revivido. A saudade, portanto, se torna a própria essência do que já se foi.
Conclusão Retórica:
A retórica do poema Sinônimo de Passado é uma reflexão lírica e filosófica sobre o sentimento de saudade e sua relação com o passado.
O autor utiliza uma série de figuras de linguagem, como metáforas, paradoxos e imagens poéticas, para explorar como a saudade, ao mesmo tempo, habita o presente e o passado, criando uma sensação de atemporalidade.
O uso de uma musicalidade suave, com o contraste entre espaço e tempo, torna o poema não apenas uma expressão de dor, mas também de resignação e aceitação daquilo que já se foi e, de certa forma, permanece.
Assim, o poema encapsula a ideia de que a saudade é a chave para entender o passado, porque é ela quem o mantém vivo em nós, como um eco constante.