ROSA 492

Na era em que os pais não adoecem mais,

Seus filhos, trôpegos, buscam o regazo,

Com lágrimas nas faces, qual o acaso,

Da eterna infância em que tudo é voraz.

Na sombra do cansaço, a vida jaz,

Cozinhar, habilidade em desuso,

O arroz que se aviva, um mero intruso,

Diante da tela, o sonho se desfaz.

O tempo, em suas mãos, se faz ilusão,

Recantos vazios da mente e do ser,

A sobrecarga de um mundo em fustigação.

Mas, ah! do amor se faz sempre um dever,

Mesmo na apatia, uma sólida razão,

É o laço eterno que não pode morrer.