ENTRE ESCADAS E SENTIMENTOS Código do texto: T8189296
TÍTULO: ENTRE ESCADAS E SENTIMENTOS Código do texto: T8189296
Lá no inverno, dentro de quatro paredes
Sem que haja relva ou rede
Após subirmos as escadas
Entre pausados abraços e molhados beijos
Nós vivemos, as loucuras estabanadas
Do fascinante momento de desejo
Que nos faz nos entregar sem controle
Lá no inverno, dentro de quatro paredes
Sem que haja relva ou rede
Após subirmos as escadas
Onde
O deguste de lábios se fazem ardentes
Como privilégio louco de uma sede
E mãos viajantes, se fazem precisas
Numa matemática viagem sem rede
Pois os pensamentos se vêm perdidos
Dentro deste incrível momento
Que poderá lá na frente nos ferindo
Por cativamos no peito sentimentos
Sentimentos antigos
Que às vezes nos fazem chorar as escondidas
Às vezes diante de tantos e tantos amigos
Porque aprender faz parte da vida
Título: ENTRE ESCADAS E SENTIMENTOS Código do texto: T8189296
Protegido conforme a Lei de Proteção Autoral. 9.610/98
Autor Makleger Chamas — O Poeta (Manoel B. Gomes)
Escrito na Rua TRÊS ARAPONGAS, 06 bloco 06 Apto 31 — Vila Nova Jaguaré — São Paulo — BRASIL
Data da escrita: 04/11/2024
Dedicado a
Registrado na B.N.B.
https://docs.google.com/document/d/15oDFZdWKsIB_FpglJimdmjG1C14U-E0-X0CLOdgxCkI/edit?usp=sharing
Este poema expressa uma cena íntima e intensa, capturando a paixão entre duas pessoas em um momento isolado e fechado, “lá no inverno, dentro de quatro paredes.”
A ausência de “relva ou rede” enfatiza o afastamento de um ambiente externo e tranquilo, focando na tensão de um espaço confinado.
A subida pelas escadas simboliza o avanço em direção a esse clímax emocional e físico, onde abraços e beijos representam uma entrega apaixonada.
O desejo se mostra incontrolável e arrebatador, um “privilégio louco de uma sede” que é saciado sem reservas.
A metáfora das “mãos viajantes” como uma “matemática viagem sem rede” sugere uma exploração cuidadosa, mas, ao mesmo tempo, caótica, guiada por instintos, onde a lógica e o controle se desfazem.
O poema também traz uma reflexão mais profunda, revelando que esses momentos intensos podem despertar “sentimentos antigos” guardados no peito, gerando uma dor inesperada e uma vulnerabilidade que se manifesta até em lágrimas, talvez ocultas até mesmo de amigos.
Ele aponta para o aprendizado e a maturidade, mostrando que, mesmo nas paixões mais intensas, há lições e consequências que fazem parte da jornada humana.
Este poema pode ser classificado como um poema lírico-romântico.
Esse tipo de poema explora temas de amor e desejo com uma linguagem emocional e envolvente, permitindo uma visão íntima dos sentimentos e das experiências do eu lírico.
O uso de metáforas e imagens sensoriais, como “mãos viajantes” e “privilégio louco de uma sede,” cria um ambiente de paixão e nostalgia, elementos característicos da poesia romântica e introspectiva.
Aqui está uma análise retórica detalhada do poema, considerando, aspectos como estrutura, figuras de linguagem, temas e efeitos estilísticos:
1. Estrutura e Forma
O poema é composto por versos livres, sem rimas fixas, reforçando o tom íntimo e reflexivo.
A repetição de certos versos, como “Lá no inverno, dentro de quatro paredes / Sem que haja relva ou rede,” estabelece uma sensação de clausura e intensidade, refletindo o ambiente isolado e intimista da cena.
Essa repetição também funciona como um refrão, ancorando a narrativa e dando uma sensação de ciclicidade e inevitabilidade ao desejo e aos sentimentos do eu lírico.
2. Tema e Conteúdo
O poema explora os temas de paixão intensa, entrega emocional e a dor das lembranças.
A metáfora do inverno sugere um cenário frio e introspectivo, contrastando com o calor do desejo expresso entre as duas pessoas.
Há uma tensão entre o momento presente e os sentimentos antigos que o eu lírico parece ter carregado por muito tempo, sugerindo uma complexidade emocional que vai além do encontro físico.
3. Análise dos Elementos Retóricos
Metáforas e Comparações:
A expressão “mãos viajantes, se fazem precisas / Numa matemática viagem sem rede” usa a metáfora da “matemática” para indicar precisão e complexidade, ao mesmo tempo que “sem rede” sugere a ausência de segurança ou planejamento.
Essa linguagem sublinha o contraste entre controle e abandono, sugerindo que, embora o momento seja calculado e intenso, ele é também arriscado emocionalmente.
Antítese e Contraste:
Termos como “loucuras estabanadas” e “momento de desejo” contrastam com a ideia de “sentimentos antigos” que causam dor e saudade.
Esse contraste entre o presente arrebatador e o passado doloroso cria um dinamismo emocional, mostrando como o eu lírico oscila entre o prazer do momento e o peso das memórias e arrependimentos.
Repetição:
A repetição de versos reforça o confinamento físico e emocional do cenário.
Ela enfatiza o ciclo de desejo e dor, como algo repetitivo e inevitável.
A ideia de subir escadas, repetida duas vezes, sugere uma progressão, quase como um ritual que leva ao clímax emocional do encontro.
Personificação:
Os “pensamentos se vêm perdidos” personificam as ideias e emoções do eu lírico, mostrando como o desejo o deixa sem rumo e sem controle. Esse recurso reforça a sensação de vulnerabilidade, onde o eu lírico é dominado pela intensidade do momento.
4. Atmosfera e Tom
O poema evoca uma atmosfera de intensidade e introspecção, contrastando a frieza do inverno com o calor das emoções e da entrega física.
A escolha de situar o encontro “dentro de quatro paredes” intensifica a noção de reclusão e introspecção, como se esse momento existisse fora do tempo e da realidade.
O tom do poema é ao mesmo tempo, apaixonado e melancólico, revelando uma entrega que traz prazer, mas também a dor de sentimentos que “fazem chorar às escondidas.”
5. Imagens Visuais e Sensorialidade
O poema utiliza imagens sensoriais para construir um cenário tangível e visceral:
Imagens Táteis: “molhados beijos” e “mãos viajantes” criam uma textura de contato e intimidade, transmitindo o desejo através do toque e da proximidade física.
Imagens Gustativas e Auditivas: “O deguste de lábios” e o uso da palavra “ardentes” criam uma sensação de calor e desejo físico.
A escolha de palavras como “molhados” e “ardentes” intensifica o apelo sensorial do poema, permitindo que o leitor quase sinta e vivencie o encontro.
6. Emoções e Reflexão
O eu lírico reflete sobre o caráter efêmero e as possíveis consequências emocionais de um momento de paixão: “que poderá lá na frente nos ferindo.”
Essa visão premonitória sugere uma consciência da dor futura, uma intuição de que o prazer atual pode se transformar em sofrimento.
A melancolia final, expressa na ideia de que “aprender faz parte da vida,” reflete uma aceitação da dor como parte essencial da experiência humana, da mesma forma que o amor e o desejo são.
7. Conclusão Interpretativa
Este poema é uma exploração profunda e sensorial dos prazeres e dores do amor.
A linguagem poética usa imagens de desejo, reflexões sobre o passado e intuições de um futuro incerto, compondo um quadro onde o amor não é apenas alegria, mas também vulnerabilidade e aprendizado.
Através das figuras de linguagem, o eu lírico revela sua luta entre aproveitar o momento e temer as cicatrizes emocionais que poderão surgir.
Esse conjunto de elementos retóricos — metáforas sensoriais, contraste entre desejo e dor, e o uso de repetições — transforma o poema em uma obra que reflete a complexidade do amor humano.
Ele é, ao mesmo tempo, uma entrega completa ao momento e um reconhecimento da incerteza e das memórias que esse momento desperta.
A conjunção proposta no poema revela uma narrativa onde se unem prazer, desejo, e as implicações emocionais do passado e futuro, em um momento intenso.
O eu lírico, ao descrever o encontro apaixonado “dentro de quatro paredes,” propõe não apenas a celebração do desejo, mas também a vulnerabilidade e o risco emocional inerente a essa entrega.
A proposta não se limita ao ato físico; ela incorpora a consciência de que esse momento pode abrir cicatrizes antigas ou até criar novas.
1. A Dualidade Entre Prazer e Dor
A proposta central é a dualidade entre a liberdade de vivenciar o desejo, e a inevitável sombra das emoções passadas e futuras, que acompanham tal entrega.
O eu lírico sente a profundidade do momento, mas intui também o risco emocional: “que poderá lá na frente nos ferindo.”
Essa consciência propõe uma reflexão sobre como o amor e o desejo podem ser, ao mesmo tempo, libertadores e aprisionadores, dando um caráter de transitoriedade ao prazer.
2. O Espaço Físico e Emocional do inverno:
A escolha do cenário — o inverno, um ambiente confinado, sem “relva ou rede” — simboliza uma relação que existe em isolamento, separada do contexto da vida cotidiana.
O inverno pode ser interpretado tanto como um espaço de resguardo e introspecção quanto como uma metáfora para o distanciamento emocional ou a solidão.
O poema, portanto, propõe que, embora o encontro seja ardente e desejado, ele ocorre em um ambiente de frieza e introspecção, refletindo a complexidade emocional envolvida.
3. Risco e Entrega Completa
O poema também sugere que o desejo e a paixão, para serem plenos, precisam ser vividos sem reservas — mesmo sabendo dos riscos que isso traz.
Esse aspecto propõe uma aceitação das vulnerabilidades: o eu lírico parece ciente de que esse encontro pode desenterrar sentimentos antigos, mas ainda assim escolhe vivê-lo plenamente.
Aqui, a proposta é de aceitação do prazer e da dor como partes inevitáveis da experiência humana, onde o aprendizado é constante.
4. Reflexão Sobre a Natureza do Amor
Em última análise, a conjuntura proposta no poema é uma reflexão sobre o amor e o aprendizado, sobre como momentos intensos de paixão podem abrir portas para autodescobertas dolorosas e revelações que o eu lírico talvez preferisse evitar.
A frase “Porque aprender faz parte da vida” indica que ele vê esse processo como um ciclo inevitável de prazer, ferida, e amadurecimento emocional.
O amor aqui é tanto uma fonte de prazer quanto um caminho de introspecção e desenvolvimento.
Em resumo, o poema propõe uma visão do amor como um campo onde prazer e dor coexistem, e onde o desejo se une à reflexão e à aceitação de que esses momentos são, em última análise, transformadores.