Fui visitada
Na normose do meu dia
A melancolia chegou como visita
Ainda agora alegre eu me sentia
Conversava, sorria...
Ela chegou no curto silêncio após o riso
Quase a me perguntar se para rir há mesmo um motivo
Num instante me colocou diante do obscuro do mundo...
Me tomou, invadiu, o meu eu mais profundo...
Ao adentrar à sala do meu estar mandou ao porão a esperança com gentil delicadeza
A vejo no sofá se sentar, trouxe consigo sua amiga: a tristeza
Diante dela um abismo se abre em mim
vejo todas as dores do mundo o sofrimento sem fim...
Não a convidei, não abri a porta
Ela chegou por vielas tortas
Sem que eu saiba ao certo de onde surge
apenas urge...
Suspiro saudosa do riso que se foi,
levou a despretensiosa alegria
Chegou em mim a tristeza,
trazida pela melancolia...
Quando ela chega sei que o tempo da sua estadia varia com a minha capacidade
de dar a ela um sentido, torná-la em mim uma verdade...
Ela só partirá, eu sei, depois de cumprir o seu papel
Vem descortinar em mim um véu
Me fazer sentir uma enorme saudade de mim...
Do amor que sou e não expresso
Do amor que sou e não o liberto
Olho de frente para a tristeza
Pasma, vejo tanta beleza ...
O que faço agora,
com a visita da tristeza e melancolia?
Por hora,
poesia.