Não ditos
Minhas palavras sofrem de escassez,
Quando há tanto à dizer e expressar,
Dos não ditos aprisionados em minh'alma,
Malditos para a pequenez humana,
Custosas palavras sem sentido à luz,
Ressoam dos recônditos solitários,
Em monólogos ensimesmados,
Orações intimistas em catedrais de vidro,
No inverno de um coração congelado,
Nevam cristais de gelo performáticos,
Estilizados em formas artísticas,
Em belezas secretas nunca vistas,
Não transpostas em rimas ou versos,
Posto que são lágrimas internas,
Choradas dentro da caverna de sombras,
Ausentes dos olhos cegos do mundo,
Das superficialidades socioafetivas,
Que esmurram paredes de tijolos,
Em buscas erradas por amores/dores,
Tateando por vales espinhosos,
Me protejo dos vãos inócuos,
Me escondo dos ineptos,
Me cubro com o manto da invisibilidade,
Grito o silêncio da minha angústia,
De onde somente observo as tonterias,
Das fragilidades alheias em ebulição,
Aguardando pela batida certa à minha porta de metal frio...