Escapulário

Descia agorinha um menino

Sentava-se logo à beira do rio

Esperando o pão e tirando a calça para se banhar sozinho

Olhando a vida firmemente e com aquele anseio pelo mundo

Não criticava e não pensava em paixão

Ah como corria ingênuo e imaturo

Buscando naquele coração

Entender a vida em silêncio

Brincava com seu soldadinho

Tentando lembrar a face de seu pai e respirava com alívio

Gostava de sentir seu amor tardio

De ver sua mãe ter livre-arbítrio

Já nasceu sensível e esperto

Preparado até para o seu exílio

Aquele que os homens chamam de morto-vivo

O sobrevivente vadio

Lhe presentearam com o suicídio

Por mais que o achasse bonito

Tinha pena de não ter vivido

Quer varrer seu caminho sofrido

Achar que a vida é uma brincadeira de ilusão

Ama o solstício

Aguarda o mundo apocalíptico

Por isso sua pressa em tirar proveito

Lá se vai o menino

Corajoso e procurando algo sólido

Protegido pelo seu pequeno escapulário

Calma pequeno, cante baixinho

Ágatha Ternurie
Enviado por Ágatha Ternurie em 25/10/2024
Código do texto: T8182173
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