Escapulário
Descia agorinha um menino
Sentava-se logo à beira do rio
Esperando o pão e tirando a calça para se banhar sozinho
Olhando a vida firmemente e com aquele anseio pelo mundo
Não criticava e não pensava em paixão
Ah como corria ingênuo e imaturo
Buscando naquele coração
Entender a vida em silêncio
Brincava com seu soldadinho
Tentando lembrar a face de seu pai e respirava com alívio
Gostava de sentir seu amor tardio
De ver sua mãe ter livre-arbítrio
Já nasceu sensível e esperto
Preparado até para o seu exílio
Aquele que os homens chamam de morto-vivo
O sobrevivente vadio
Lhe presentearam com o suicídio
Por mais que o achasse bonito
Tinha pena de não ter vivido
Quer varrer seu caminho sofrido
Achar que a vida é uma brincadeira de ilusão
Ama o solstício
Aguarda o mundo apocalíptico
Por isso sua pressa em tirar proveito
Lá se vai o menino
Corajoso e procurando algo sólido
Protegido pelo seu pequeno escapulário
Calma pequeno, cante baixinho