Fragmentos do meu Eu que nem Eu conheço
Fragmentos do meu Eu que nem Eu conheço.
Sou tudo o que ignoro, como o vento que passa e se parte
Em outros ventos, a soprar. Sou a sombra que me assombra,
E de tanto andar sozinho, chego a mim sem saber voltar.
O que me fere é o meu próprio pulsar, o bater de um coração
Que não me pertence. Sou poeta da ausência e do nada,
Silêncio a sussurrar saudade de tudo aquilo que nunca existiu.
Meus sonhos são paisagens desertas, onde, caminhando
Não sou quem sou. Há um abismo entre mim e o que penso.
Quem sou eu? Pergunta vã.
O que faço? Outra ilusão. Não há verdade em meus versos
Apenas, o eco de uma interrogação.