Um outono inesperado
Um outono inesperado
É o meu Rio Grande do Sul, céu, sol, sul, terra e cor
É o meu Rio Grande alagado de tristeza e dor
Seu céu se tornou cinza encoberto pelas nuvens
Estradas viraram rios seus verdes campos alagados
O céu azul perdeu a cor em um outono inesperado
A chuva que veio incessante destruiu tudo em instantes
Levou sonhos e realizações arrastou casas e plantações
O sol se tornou ausente a cada aparição um presente
Das árvores que perdem suas folhas no outono
Não restaram nem as raízes a enchente arrastou tudo trouxe dias infelizes
Pessoas ilhadas gritando por socorro
Estradas foram levadas desmoronaram-se os morros
Cães e gatos desesperados com água por todos os lados
E a imagem de um cavalo rodou o mundo
Esperando resgate em cima de um telhado
O interior, o centro, a serra e a capital, todos desolados
Fragmentos de um outono inesperado
A capital que era Alegre nunca se viu tão triste
Prédios históricos e livrarias tomados pela lama
Quem imaginou um dia uma tragédia tamanha
Pelos quatro cantos do Rio Grande a destruição foi grande
Se foram vidas, pontes, casas, pavimentos, muita dor e sofrimento
A alegria deu lugar ao lamento, muitas vidas dependiam de salvamento
De herois anônimos que salvaram vidas devolvendo sonhos
A cada salvamento um sentimento de vitória
E depois de tanta luta merecem toda glória
Alguns deram a própria vida para salvar desconhecidos
Todos ficamos sentidos mas jamais serão esquecidos
A cada resgate um sorriso de gratidão
Daqueles que foram salvos puxados pelas mãos
Em seus olhos lágrimas que brotavam do coração
Lágrimas que se misturaram a correnteza
Do amanhã restou a incerteza
Sem ter para onde ir sem saber se poderiam voltar
Carregando a esperança de sua família reencontrar
Milhares de desabrigados outros milhares desalojados
Ficará na memória fará parte da história o outono inesperado
Nosso povo aguerrido e forte sentiu a destruição
E vimos muitos guapos virem de longe nos darem as mãos
A solidariedade do povo gaúcho chamou atenção
Logo todo o Brasil se uniu nesta missão
Em meio a tanta destruição difícil conter a emoção
Diante de todo o caos a ajuda humanitária veio de todos os cantos
De norte a sul Do Rio Grande e do Brasil
Trazendo não só mantimentos trazendo abraços e acalento
Carregados de sentimentos para reforçar a esperança
Brasileiro é um povo forte que se une de sul a norte
Ajudando o povo gaúcho a reconstruir seus pagos
E logo voltar a galopar no lombo dos seu cavalos
Levando junto seus cães tantos deles resgatados
Em um outono que era lembrado pelo pôr do sol e o céu azul
De bergamota e chimarrão e passear no campo admirar a plantação
Das sopas quentes para aquecer os dias frios
Daqueles outonos que foram sempre tão esperados
Aqui não falta garra e perseverança onde tem amor a luta não falha
Das entranhas saem façanhas para vencermos a batalha
Ah Meu Rio Grande de encantos mil nossa luta vai ser grande
Seu exemplo foi muito longe atingiu todo o Brasil
De um outono inesperado que para sempre será lembrado
Mostrando a força da união mas também do quanto pecamos
Negligenciando os alertas e os sinais da Natureza
Pois não basta para ser livre ser aguerrido e forte
É preciso respeitá-la e preservá-la com certeza
Dar ouvidos aos seus anseios e não ficarmos alheios aos seus sinais
Ela está do nosso lado em um outono inesperado nos provando mais uma vez
Que contra ela nada podemos é pouco o que fazemos para nos mantermos aqui
Vivos, sãos e salvos, precisamos ter mais cuidado o futuro é logo ali
O futuro é incerto e esperamos que tudo dê certo
E que volte ao normal após a reconstrução
Mas nada deve ser como antes é preciso conscientização
Do que foi perdido e do que foi esquecido por toda nação
E que isso sirva também para chamar nossa atenção
Que sozinhos nada somos podem passar muitos anos
Ficará na lembrança mais do que dor e destruição
Vamos lembrar do quanto nos demos as mãos
Pois por mais estranho que possa ser
É nas tragédias que a união acontece
Seja para chorar ou fazer uma prece
Agradecendo cada novo dia que amanhece.