Céu Rasgado

Na estranha simetria da translação dos pecados,

no limbo das reincidências

do final em frio pranto

pelos restos assombrados.

A chuva que a intuição anuncia

incendeia os rastros, inflama o corpo,

queima a língua, e revela a sina

no clarão do relâmpago, na leitura dos astros,

na árvore caída.

Acende o olhar manchado

pela perversão normal,

marcado na selvageria da fé,

que extinguiu o amor e o cordeiro,

no sol findo do que um dia foi sagrado.

Tão ilegível é a minha alma

para a tua divindade esquecida.

No meu altar vazio, rezo apenas

para quem fui escrita,

no pulso daquilo que me sangra e me salva.

Nos desenhos das nuvens em carrossel,

rasguei o véu, sequei o céu,

enquanto o mundo se calava.

Hoje, o tempo parou, não choveu,

e ninguém mais chorou.

AlineLima
Enviado por AlineLima em 21/10/2024
Reeditado em 21/10/2024
Código do texto: T8178315
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