É
Crua, nua
Inocente
Não ciente
Provocante
Vocacional?
A melhor das piores
A só entre nós
O som de água
Em córrego virgem
O simples trajeto
Do campesino
Em faina eterna
A música que não
Existe, existe
Que está no seio
Do universo
Aquela que só escutamos
Em nosso silêncio
Silente, sussurrante
Nostalgia
Sentimento de segurança fugaz
Sensação tão perfeita
Que só pode durar um átimo
Não mais que dois segundos
Olor, cor, som??
Acho que nenhuma alma
Sabe
Não sei se todos já sentiram
Algum dia
Ou se prestaram homenagens
Ao fim, ao termo
Sem mergulharem
Nas profundezas
Do unicamente
Sentir
Amanhã não existe
Hoje também não
O passado, o que já foi
Ou deixou de ser
Ou não pôde se consumar
Não compreendemos
Entendemos menos o passado
que o porvir
o que existe então??
Nada
Círculo confuso
Em um pêndulo
Que é movimentado
Por uma força inexistente?!
Que carrega em seus braços
Não sei se há braços
Carrega consigo
O sopro
Que se desfaz
Mesmo antes de existir
O instante da poesia
Qual momento nos
Perdemos nesse fado
Fatalismo
Ou única via
Onde nos encontramos
Todavia, se em toda
Essa imersão
No termo
No início
No interstício
Descobrirmos
Que não existimos
E somos apenas
A ilusão
A quimera
A fantasia
Daquilo que descobrimos ser
Quando simplesmente
Não éramos?!