A Eternidade do Instante II

Aquele pássaro nunca mais cantará

a canção que canta agora;

Essa nuvem nunca mais formará

o desenho que forma agora;

Esse sol fúlgido nunca mais brilhará

sobre o ar como agora;

A grama nunca mais refrescará

meus pés como agora;

A água prata nunca mais passará

nos dedos como agora;

E o vento nunca mais soprará

nos cabelos como agora:

O homem nunca se banhará

duas vezes no mesmo rio.

Pois tudo se transforma,

cada instante é singular.

Pois um mundo se forma,

em cada puxada de ar.

Por isso, é preciso viver

cada afago vindo do sol.

Por isso, precisamos ver

cada fôlego do girassol.

O instante tem sua eternidade

morando em sua singularidade.

Veja! É eterno este momento,

pois tudo está em movimento;

É a infinitude do que é finito.

O instante tem sua eternidade

morando em sua singularidade.