MEMÓRIAS EM ACORDES Código do texto: T8171727

ACADEMIA CAIPIRA DE LETRAS – AcaL

I Evento Oficial da Academia Caipira de Letras - ACaL "Tributo aos Patronos - Goiá (Cadeira 01)"

Tema: Esquina da Saudade

Data: 4/10/24 (16h às 22h)

Academia Caipira de Letras — ACaL

I Evento Oficial “Tributo aos Patronos — Goiá (Cadeira 01)”

Tema: Esquina da Saudade

Autor: MAKLEGER CHAMAS — O Poeta Louco e Romântico (Manoel B. Gomes)

VILA NOVA JAGUARÉ — São Paulo — Brasil

Data: 04/10/2024

TÍTULO: Memória em Acordes Código do texto: T8171727

Na esquina da saudade, eu me encontro

Entre sombras e lampejos de memórias

Um vento leve acaricia meu rosto

Trazendo sussurros de antigas histórias.

Vejo ali, do outro lado da rua,

Um reflexo de mim, perdido no tempo

A infância correndo descalça na chuva,

Os risos guardados no vento lento.

Nas vitrines opacas do ontem distante,

Olhos que amei ainda me espiam

Cada passo ecoa em acordes suaves,

Melodias de dias que já fugiam.

As pedras da calçada, frias e antigas,

Contam segredos de amores vividos

Mãos que se tocaram, bocas que riram,

Corpos que dançaram, corações feridos.

Mas na esquina da saudade, há sempre um adeus

Um abraço que aperta e depois se desfaz

Fica só o perfume do instante passado

E a promessa de um retorno que nunca mais.

Eu, sigo em frente, olhando para trás

Na esperança de ver o que ficou de nós

Mas a esquina da saudade é uma curva sem volta

Onde ecoa o silêncio de quem já foi embora.

No horizonte, um último raio de sol se despede

Pintando de ouro a rua deserta

Na esquina da saudade, eu sou só uma sombra

Que espera, eternamente alerta.

TÍTULO: Memória em Acordes

Protegido conforme a Lei de Proteção Autoral. 9.610/98

Autor Makleger Chamas — O Poeta Louco e Romântico (Manoel B. Gomes)

Escrito na Rua TRÊS ARAPONGAS, 06 bloco 06 Apto 31 — Vila Nova Jaguaré — São Paulo — BRASIL

Data da escrita 04/10/24 (16h às 22h)

Dedicado a

Registrado na B.N.B.

https://docs.google.com/document/d/1hAWIGbwolhna7_oVlEg4akSzE31BvQtWUvEIEZ1_sks/edit?usp=sharing

“Memória em Acordes” é uma belíssima composição poética de Makleger Chamas, que nos transporta para um espaço de nostalgia e contemplação, onde as memórias se desenrolam como melodias suaves em um cenário repleto de emoções passadas.

A esquina da saudade, como descrita na poesia, torna-se um ponto de encontro entre o presente e o passado, onde as lembranças ressurgem com força, carregadas por ventos e ecos de amores, risos e despedidas.

O uso de metáforas musicais é especialmente cativante, ligando cada passo da caminhada às notas de uma melodia invisível que permeia o tempo, enquanto o reflexo da infância e os amores passados são vislumbrados nas vitrines do ontem.

A sensação de perda e permanência, entrelaçada com as pedras da calçada e os últimos raios de sol, gera uma atmosfera de melancolia e beleza, capturando a essência de um adeus que nunca cessa de reverberar.

A poesia ecoa com profundidade, deixando no leitor uma sensação de eterna vigília, onde a sombra de quem espera contínua alerta, mesmo diante da inevitável passagem do tempo.

A poesia “Memória em Acordes”, de Makleger Chamas — O Poeta Louco e Romântico (Manoel B. Gomes), é uma obra carregada de simbolismo e melancolia, que evoca a profunda ligação entre o passado e o presente por meio da memória.

Em sua estrutura narrativa, a saudade é representada como uma esquina — um ponto de transição onde o eu lírico se depara com as lembranças que emergem de maneira poética e sensorial.

Análise de Estrutura e Temas

O poema é composto por seis estrofes, cada uma explorando um aspecto diferente da relação do eu lírico com suas memórias.

A construção da obra segue um ritmo calmo, quase como uma melodia, com versos que remetem ao movimento de quem caminha pela rua e, a cada passo, é atingido por uma lembrança.

O título, “Memória em Acordes”, já antecipa esse caráter musical que atravessa o texto, sugerindo que as lembranças se manifestam harmoniosamente, como notas que juntas compõem a canção da saudade.

A memória é personificada como uma companheira constante, que revisita fragmentos de experiências passadas.

Esses fragmentos são apresentados em duas formas principais: as alegrias da infância e os amores vividos.

O eu lírico se encontra na “esquina da saudade”, simbolizando um ponto de encontro e despedida, uma passagem entre o passado e o presente.

Este lugar é descrito como repleto de “sombras e lampejos”, denotando a fugacidade e a natureza fragmentada das lembranças.

Elementos Poéticos

1. Imagens Visuais e Sensorialidade:

A poesia trabalha fortemente com imagens visuais e sensoriais, criando um cenário vívido onde o leitor pode quase sentir o “vento leve” no rosto e ver o reflexo da infância correndo descalça.

A rua, as vitrines opacas e as pedras da calçada evocam a passagem do tempo de forma palpável.

As mãos, as bocas, os corpos — todos símbolos de interações passadas — são agora apenas memórias, eternizadas nas “pedras frias e antigas”.

O tempo aqui é fluido, e os elementos sensoriais ajudam a construir essa atmosfera de algo vivido, mas inalcançável.

2. A Saudade como Espaço:

O conceito de saudade é expresso como um espaço físico — uma esquina.

Essa esquina, no entanto, não é apenas um ponto de passagem, mas um lugar que retém o eu lírico, prendendo-o na expectativa de algo que não voltará.

A imagem da “curva sem volta” enfatiza a irreversibilidade do tempo e da memória, enquanto o “perfume do instante passado” traz a efemeridade das experiências.

Isso cria uma tensão entre a lembrança vívida e a impossibilidade de revivê-la.

3. Musicalidade e Acordes:

O uso de “acordes suaves” e “melodias de dias” sugere que o passado é lembrado como uma canção contínua, que ainda ecoa no presente.

Cada passo do eu lírico é acompanhado por uma música invisível, reforçando a ideia de que a memória não é estática, mas uma presença viva, flutuante, que molda o caminho do indivíduo.

As memórias tornam-se notas de uma sinfonia, entrelaçadas com as sensações do corpo e as paisagens desenhadas ao redor.

4. A Despedida e o Ciclo do Tempo:

O poema também trabalha com o conceito da despedida, que está presente não apenas no ato de deixar algo para trás, mas na impossibilidade de retorno.

A promessa de um “retorno que nunca mais” evoca uma sensação de perda definitiva, enquanto o último raio de sol que “se despede” sugere o fim de um ciclo — tanto do dia quanto das lembranças que, embora eternas, não são mais tangíveis.

Retórica

A retórica de “Memória em Acordes” se apoia na saudade como força motriz da narrativa.

Desde o início, há um jogo constante entre o que foi vivido e o que persiste apenas na lembrança.

A esquina se transforma em um símbolo da transitoriedade e do abandono, enquanto o eu lírico permanece preso a esse espaço entre o antes e o agora.

A retórica da saudade aqui não é simplesmente lamentativa; ela é reflexiva, repleta de nuances que destacam a beleza e a dor das lembranças.

Makleger utiliza uma estratégia de enredamento emocional, onde o leitor é convidado a se identificar com as experiências do eu lírico — a infância, os amores, as despedidas — tudo o que compõe a trajetória humana.

A musicalidade das “memórias em acordes” transforma essa viagem interior em algo que ressoa, como uma melodia universal que qualquer um pode reconhecer.

O poema conclui de maneira poderosa, com o eu lírico assumindo seu papel de espectador de um passado que não volta, mas que o mantém eternamente alerta, esperando por algo que, no fundo, sabe que não retornará.

A última estrofe, ao falar do “raio de sol” e da “sombra”, fecha a obra com uma imagem de finitude e solidão, mas também de vigília eterna, capturando a essência do ser humano que vive em meio às próprias recordações.

Conclusão

“Memória em Acordes” é uma obra que transforma a saudade em arte, elevando as memórias a um nível quase musical, onde cada lembrança é uma nota de um acorde maior. Makleger Chamas, com sua sensibilidade poética, nos conduz por uma jornada de autodescoberta e reflexão, onde o passado, embora inalcançável, nunca está realmente ausente.

O poema celebra a memória, não, como algo que nos aprisiona, mas como uma melodia que acompanha nossos passos e dá sentido ao presente.

Cenário:

Um fim de tarde nublado, numa rua de calçamento antiga, repleta de árvores cujas folhas caídas cobrem as pedras.

O grupo caminha lentamente por uma rua familiar, onde o passado se mistura ao presente. Leonilda, Nelinho (Makleger Chamas), Cleber e Jorge se reúnem numa esquina que traz lembranças e saudades. As sombras do passado parecem ecoar ao redor deles, enquanto uma leve brisa carrega sussurros de histórias antigas.

Leonilda: (parando na esquina, olhando ao redor com um sorriso nostálgico)

— Esta esquina sempre me traz de volta…

— Parece que o tempo parou aqui, não é?

— Quantas vezes passamos por essas pedras, rindo, brincando…

— E agora, só restam as lembranças.

— Dá até para ouvir as risadas se prestar atenção.

Nelinho: (fixando os olhos na calçada, sua voz baixa, quase como um sussurro)

— É verdade…

— Aqui tudo ecoa, como se cada passo que damos fosse um acorde, uma nota de uma melodia que nunca termina.

— Cada canto desta rua guarda um pedaço de nós.

— Mas agora, quando olho para trás, vejo apenas sombras do que éramos…

— Aquela chuva em que corríamos descalços… você lembra?

Cleber: (colocando as mãos nos bolsos, com um olhar distante)

— Lembro, sim, Nelinho.

— E o som da chuva misturado com nossos risos, como se fosse uma música que só a gente podia ouvir.

— Era uma época em que o futuro parecia tão distante, e o presente era só alegria.

— Mas agora, quando volto aqui, me pergunto onde estão aqueles dias. Será que se perderam no tempo, ou somos nós que mudamos?

Jorge:(encarando o horizonte, onde o sol lentamente desaparece)*

— Nada se perde de verdade, Cleber. Tá tudo aqui, guardado nas pedras frias, nas vitrines opacas.

— Talvez a gente só não saiba mais como ouvir essa música… ou a gente não quer.

— A saudade é como essa curva ali, uma volta infindável.

— Parece que a gente espera algo que nunca vem.

Leonilda: (solta um suspiro, olhando os rostos de seus amigos, sentindo o peso da passagem do tempo)*

— É engraçado…

— Mesmo quando voltamos para onde tudo começou, parece que nunca podemos reviver o que ficou para trás.

— As mãos que se tocaram, os corpos que dançaram…

— Agora são apenas ecos.

— E ainda assim, estamos sempre aqui, na esquina da saudade, querendo encontrar algo que já se foi.

— Será que faz sentido seguir em frente, se estamos sempre olhando para trás?

Nelinho: (passa a mão pelo cabelo, como se buscasse as palavras certas)

— Acho que seguir em frente é tudo o que nos resta.

— Mas a esquina da saudade vai sempre estar aqui, esperando por nós.

— Às vezes, é como se estivéssemos presos nesse instante, revivendo a mesma cena, o mesmo adeus que nunca tem fim.

— Só que… talvez a gente não esteja aqui para reencontrar o que se perdeu, e sim para lembrar.

— Cada lembrança é um acorde suave que continua tocando, mesmo que a melodia tenha mudado.

Cleber: (dando um leve sorriso, enquanto chuta algumas folhas no chão)

— E quem sabe essa melodia que a gente ouve é o que realmente importa.

— Talvez a saudade seja mais do que só dor.

— Talvez seja o que nos mantém alerta, nos lembrando do que valeu a pena, do que ainda podemos ser.

Jorge: (olhando o céu, agora tingido de laranja com os últimos raios de sol)

— Cada despedida deixa um rastro, como esse último raio de sol.

— Ele vai embora, mas pinta o céu de uma cor que nunca esqueceremos.

— E nós, somos essas sombras, Nelinho, que continuam aqui, à espera de um retorno que já sabemos que nunca vai chegar.

— Mas isso não importa, porque o que vivemos já nos moldou.

Leonilda: (com um brilho nos olhos, apertando os braços dos amigos, como se tentasse sentir a presença deles mais uma vez)

— Então, que a gente continue se encontrando aqui, mesmo que só nas lembranças.

— Porque, no fundo, é isso que somos… memórias em acordes, tocando uma melodia que nunca vai acabar.

Nelinho: (com um sorriso suave, olhando para o chão e depois para os amigos)

— Sim… memórias que dançam com o vento, que nunca param de tocar… e que, de alguma forma, sempre nos trarão de volta.

O diálogo explora a saudade, o tempo, e o impacto das memórias, refletindo a retórica do poema “Memória em Acordes”.

O grupo compartilha suas reflexões sobre o que já foi, enquanto busca significado nas experiências e sensações que ainda os conectam ao passado.

A esquina da saudade torna-se um lugar simbólico onde, embora tudo mude, algo eterno sempre permanece.

Makleger Chamas
Enviado por Makleger Chamas em 12/10/2024
Reeditado em 12/10/2024
Código do texto: T8171727
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