Sobre a densidade da noite

Nós, homens, amamos a vida,

Carregamos esperança no olhar,

Nos apaixonamos com facilidade,

Queremos cuidar, nos entregar.

Queremos o calor de um abraço,

Olhar nos olhos, sentir o coração,

Mas às vezes nos calamos,

Presos em nossa própria confusão.

Não mandamos mensagens, ficamos em silêncio,

Pensamentos nos cercam, a mente a girar,

Cobranças, futuro, o peso do tempo,

E até um pai, que às vezes nos falta lembrar.

Às 23h25, a noite se faz densa,

E nossos pensamentos se tornam mar,

Maturidade que chega tão cedo,

E a juventude começa a se apagar.

Traumas guardados, feridas abertas,

Histórias que não ousamos contar,

Mas seguimos em frente, no silêncio,

Preferindo as nossas dores ocultar.

Sofremos sozinhos, sem reclamar,

Deixando nossas feridas no esquecimento,

Para curar as dores de outros,

No silêncio da vida, no próprio lamento.