Eu mesmo

eu vivo

a pressão sutil

e singela

dos extremos

me equilibro

na corda bamba

dos sentimentos a flor da pele

me jogo quando sei que vou cair

hesito quando vejo a calmaria

e desaprendi a acreditar

no mundo, nos outros, em mim

busco significados em símbolos só meus

repito as mesmas melodias

e as frases de impacto que decorei

sofro o tempo inteiro de uma ansiedade

muito melancólica e dramática

me puno por sentir demais

me machuco

achando que a dor

é onde meu corpo, mente, alma e coração

devem estar

permaneço preso a minha liberdade

onde acredito piamente

que só

eu consigo

mas nessas andanças

que calejam meus pés

e enfraquecem meus ombros

eu ainda domino

as palavras

coloco-as em ordem

para dizer minimamente

aquilo que estou sentindo

João Mendes Murça
Enviado por João Mendes Murça em 07/10/2024
Reeditado em 07/10/2024
Código do texto: T8168417
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