Acerto
Tento mirar no acerto das palavras
Para ajudar a todos os perdidos,
E todavia, doravante, me perco;
É assim que se formam os iludidos?
A solidão, admito, me é costumeira.
Nunca tive ninguém que a alma sorriu,
O brilho dos olhos contou comigo,
Ou me deixar saudade que partiu...
Devemos nesse bosque aventurar?
Ir pela seiva de espinhos e cacos
De lâminas, e às vezes as flores
Sangrar para frutificar afagos?
Ou como espelhos refletir o nada
Além de individualismo contido,
Que nada revela a não ser o medo,
O medo em amar o incerto vazio...
Respiro nesse instante uma tristeza,
Uma comum: parte da coleção
De ossos, que no fim eu me encontro
Ruído, esquecido, frio na depressão.
Eu não queria ser assim tão sensível,
Tão vago, tão pensativo e tão triste;
Um pedaço de história mal contada,
Poesia romântica que mal existe.
A minha resposta a tudo? Lá vai:
Comemoração do instante perene,
Porque tudo vai embora como vento...
Gosto de apreciar todo o frenesi.
A nostalgia é a chave do mistério,
Enquanto memórias abrem gavetas,
Guardamos com carinho a grafia
Das águas de imagens agora secas...