Descrentes

Eu sou a prece dos sem fé

Dos que perderam a esperança

A verdade de quem não quer

A única busca que não se alcança

O choro que seca no chão

A tortura que sempre foi ocultada

A agressividade sem perdão

Dos pobres, sou seu tudo e seu nada

O que percorre linhas tortas

Ou o que escreve por linhas retas

Todas as questões sem respostas

O que te move ou que te afeta

Aquilo do que tens mais medo

O nobre triunfo dos ignorados

O resumo completo deste enredo

Um livro sujo, velho e rabiscado

O cinza e escuro das cidades

O céu azul que tanto se espera

Toda a sua fútil e pobre inutilidade

Os pontos verdes desta esfera

Sou o que foi lido e subentendido

O rascunho sem compreensão

Um corpo frio que jaz esquecido

Que tanto buscou por sua atenção.

Poemicida
Enviado por Poemicida em 03/10/2024
Reeditado em 03/10/2024
Código do texto: T8165551
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