Descrentes
Eu sou a prece dos sem fé
Dos que perderam a esperança
A verdade de quem não quer
A única busca que não se alcança
O choro que seca no chão
A tortura que sempre foi ocultada
A agressividade sem perdão
Dos pobres, sou seu tudo e seu nada
O que percorre linhas tortas
Ou o que escreve por linhas retas
Todas as questões sem respostas
O que te move ou que te afeta
Aquilo do que tens mais medo
O nobre triunfo dos ignorados
O resumo completo deste enredo
Um livro sujo, velho e rabiscado
O cinza e escuro das cidades
O céu azul que tanto se espera
Toda a sua fútil e pobre inutilidade
Os pontos verdes desta esfera
Sou o que foi lido e subentendido
O rascunho sem compreensão
Um corpo frio que jaz esquecido
Que tanto buscou por sua atenção.