Clamor pela paz

Como querer paz, criando mais guerras?

Se o chão que pisamos já chora o sangue

E as vozes do passado ecoam em lágrimas

Como regar a esperança com pólvora?

As balas nunca florescerão campos

E os gritos jamais serão hinos de paz...

:

Como querer paz, armando as partes?

Se cada fuzil é uma semente de medo

Como apagar o fogo oferecendo mais chamas?

A mão que dispara se fecha à ternura

E no calor do ódio, o amor se desfaz...

:

Como não querer guerra se não se semeia a paz?

Se os corações estão áridos, endurecidos

Como colher paz se os campos são de ódio?

A terra clama por mãos que a acariciem

Por gestos que curem, por vozes que rezem...

:

Oriente, teu berço de civilizações

Hoje ferido, cativo de antigos rancores

Onde está o sonho de teus filhos livres?

No barulho das bombas, no estrondo das armas

Ou no silêncio de um abraço que nunca chegou?

:

Clamamos por paz, mas que paz será essa

Se a palavra é abafada por promessas vazias?

É preciso mais que discursos, mais que bandeiras

É preciso plantar paz nos corações cansados

Deixar que o amor floresça onde só há dor...

:

E só então, talvez

A paz caminhará entre nós

Descalça, leve, sem medos...

.:.

MMXXIV