O Nada

Com asas envernizadas de piche, ambivalente,

voa o tempo, denso e escorregadio que não me pertence.

Senhor de tudo e de todos,

da eternidade do universo e

dos instantes que somos.

Ceifador e maestro de uma sinfonia

de batimentos pesados e frios,

em marcha constante e fúnebre.

Marcando o sofrimento do viver

insuficiente e vadio

e o rito sombrio do morrer que precede a própria morte.

Ontem mesmo, no absurdo da existência,

senti que morri...

Nas diferentes dimensões da morte,

na erosão das horas, nos dias que desaparecem,

nem a covardia, nem a coragem nos salvam.

Morremos todos, observando a vida que passa.

AlineLima
Enviado por AlineLima em 29/09/2024
Código do texto: T8162423
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