VOO QUASE CERTEIRO
Caminhei de um canto
para o outro da janela.
O vento soprava
forte e frio.
Lá embaixo avistava
o vão da calçada,
o sabor
do vermelho rutilante
a escorrer pela boca
e o silêncio abissal.
A lua com a sua vívida
claridade bailava
sobre o mar,
era a grade novidade.
Em voo, precipitei-me
do décimo sétimo andar
e de degrau em degrau
fui rapidamente descendo.
Segurei suavemente
em suas mãos
e passeamos pela calçada
à beira-mar.
A lua
com seus potentes
watts nos guiava
pela cidade.
Amar
é esse lançar-se
ao abismo.