ECOS PARADOXAIS

Habitar em mim é dolorido, é sofrido, é difícil. A mim me custa muito ser eu. Tenho tendências paradoxais, ora quero estar aqui vivendo essa dor e conflito, ora quero correr de mim e habitar outros continentes e pisar em novas praias.

Sou construído por punhados de diferentes ecos existenciais. Sou uma saudade boa, mas também sou medo e remorso torrenciais; sou dia ensolarado, mas tenho meus dias de tormenta; sou dia festivo, e também corro léguas dos palhaços. Às vezes, sou terra firme, outras, todavia, esbarro na beira do mais alto precipício.

Essa antítese que persiste forma uma lista infinita que define o que é ser eu. E eu sigo apenas acompanhando e vivendo as consequências do meu maldito e mentiroso "vai ficar tudo bem", que se construiu na transição dos meus ecos paradoxais.