Picadeiro da vida

As pessoas são o que são,

Algumas até mudam a si mesmas,

Com as pancadas da vida,

As cicatrizes da alma,

As dores e angústias do coração,

O aprendizado dos erros,

As más escolhas da jornada,

Mas algumas, seja por arrogância,

Ignorância ou apenas desfaçatez,

Continuam as mesmas, repetindo-se,

Em um eterno continum,

Absolutamente sem nada de novo,

As mesmas fórmulas esperando,

Diferentes soluções mágicas,

As mesmas equações matemáticas,

Almejando distintos resultados,

E tudo se refaz, ciclicamente,

Ou por vezes, cinicamente,

Em um labirinto sem saída,

No mito do eterno retorno,

Da luneta é possível observar,

Quem ainda persegue fantasmas,

Outros nomes, outros rostos,

Mais do mesmo, eternamente,

Quem teima em esperar trens,

Em estações há muito desativadas,

Quem canta no mesmo desafino,

Esperando não rachar o cristal,

Quem não é capaz de refinar,

Sua cognição e sua sensibilidade,

E continua tropeçando em si,

Nos buracos das calçadas,

Como um palhaço manco,

No picadeiro da vida...