O SILÊNCIO DA AUSÊNCIA
Não vejo futuro onde não há flor,
Nem tu neste campo sem cor.
Nem nos meus pensamentos ou no tempo vazio,
Que ecoa como um vento frio.
O horizonte? Já virou miragem,
Uma sombra, perdida paisagem,
Como o mel que, em amarga fusão,
Desfaz-se na boca, sem direção.
Sente-se apenas o presente, nu, desgastado,
E nele, teu rastro já foi apagado.
Em cada gesto, há um vazio constante,
Tua ausência plena e inebriante.
É o beijo de névoa que não veio,
No mar de brumas onde vagueio.
Não há talento para dor disfarçada,
Nem teto que cubra uma casa rasgada.
Não sei dividir corações quebradiços,
Nem alimentar-me de ecos mortiços.
Sou livre como o vento que varre montanhas,
Solitária como águia entre as nuvens estranhas.
Sou firme, sou rocha que em fogo reluz,
E minha alma é a trilha que a vida conduz.
Sou o meu próprio destino,
A rota que traço, sem desatino.
Em cada passo, a certeza me guia,
Pois sou a luz que ilumina o meu dia.