A agonia de Deus

Cansa-me ver as tolices humanas,

A agonia de buscar um Deus,

Que lhes salve de suas próprias escolhas,

Um Deus que lhes socorra em seus erros,

Um Deus que lhes responda em suas idiotices,

Quão vazios são de sentidos,

Pedem, clamam, prometem,

Mas continuam repetindo atos vãos,

Querem de Deus um amor sincero,

Mesmo que escolham o que lhes dilacera,

Querem de Deus a cura de doenças,

Mesmo que escolham o que lhes envenena,

Querem de Deus a reparação da Natureza,

Mesmo que escolham o que a destrói,

Na cegueira, no egoísmo, na arrogância,

Lembram-se de pedir à todo tempo,

Esquecem-se de mudar os próprios atos,

Querem um Deus amoroso e compreensivo,

Mas criam o imaginário de um Deus punitivo,

Se veem como herdeiros da divindade,

Mas comportam-se como humanos sem noção,

Ah, que grande agonia deve sentir Deus,

Deus, Deuses, Divindades, Superseres,

Os homens mataram Deus por suas liberdades,

Bem disse Nietzsche em Zaratustra,

Mas evocam seu espírito para socorrê-los de si mesmos,

Não aprendem, não refletem, não assumem,

Tanto se escreve, tanto se ora, tanto se chora,

Tanto se frequenta templos,

Tanto se lê livros e Bíblias,

Mas continuam fazendo discursos de exclusão,

Atos de violência contra os outros a quem não consideram iguais,

A agonia de Deus é ser uma criação de criaturas sem razão...