ELES

Eles se arrastam pelas ruas,

Não exalam mal cheiro, nem perfume.

Sentam-se nos bancos das praças e ficam olhando as pessoas passarem.

Os bons ainda não sabem que também são maus;

Uns pensam que mantêm a ordem,

Outros apenas causam a desordem;

Não há equilíbrio no caos, apenas tolices.

Sorridentes, pedem e dão esmolas generosas;

Fazem juras de amor e de vingança;

Fazem guerras em nome da paz e da esperança.

Insensíveis, vão às lagrimas quando preciso.

Não queimam no fogo do inferno, nem ruflam suas asas pelos ares

Porque não há céu ou inferno que lhes consigam abrigar.

Silenciam quando a justiça lhes clama a voz.

Têm gana quando a dor atroz não é alheia.

Por trás dos sorrisos não se lhes vislumbra o intento.

Caminham entre nós, mas não deixam seus passos na areia do tempo,

Trôpegos de álcool, luxúria, cupidez e cocaína.

Ajuntam-se em comícios ruidosos,

Em congregações fervorosas,

Em missas suntuosas,

Em sessões luminosas,

E são uníssonos quando formatam a verdade para acomodar todas as suas mentiras.

Comemoram a morte dos inimigos e se preciso matam os amigos sem qualquer remorso.

Eles caminham entre nós na vigília e seguram nossas mão nas noites tenebrosas

Seus passos são os nossos,

Seus gestos e trejeitos são os nossos,

Até suas gargalhadas e dores são as nossas.

Eles, sempre eles...deuses e demônios.

Adolfo Kaleb
Enviado por Adolfo Kaleb em 14/09/2024
Código do texto: T8151340
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