VELEIDADES

Zé sofria aprisionado

nas suas insignificantes

verdades e delinquências.

Nenhum grande ato

de fato o glorificava.

A vida tinha sido escrita

com “pequenas bondades”,

“pequenas dedicações”

e “pequenas maldades”.

Esse era o enredo

da vida geral

consumida nas suas

minudências.

O relógio de ponto

pontualmente visitado.

O pequeno atraso.

O desconto no salário.

A lista de compras.

O mercado.

A 'regra' que não veio.

O beijo na esquina.

A pílula do dia seguinte.

A chacina e a nação

esfaqueava-se na TV.

Zé ia tecendo a sua vida

nos frágeis fragmentos

da sua existência.

Pequenas corrupções

e pequenas virtudes

o desenhava

na miudeza da vida.

(Imagem: web)

Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 09/09/2024
Código do texto: T8147742
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