Vinte e sete anos e agora?

Esses dias encontrei um cabelo branquinho,

Mas não fiquei apreensivo, talvez só um pouquinho...

Estou a cada ano mais velho, e o que eu fiz?

Além de ver o tempo correr sob meu nariz?

Vinte e sete anos, e o que conquistei?

Se eu me for, tenho nada — o que deixarei?

Minha maior vitória? Do hospital retornei,

E tenho algumas pessoas que jamais esquecerei.

O tempo passou, e o jovem desenhista

Já não desenha tão bem a perder de vista.

Paisagens que brotavam num estalar de dedos

Hoje, na tremedeira, ficam se escondendo.

Pensamentos e sentimentos eram como um mistério,

Guardados no peito, como num monastério.

Hoje saem em versos, de rima dispersa,

Enquanto recordo do passado, de maneira controversa.

Será que é hora de olhar para o futuro,

Antes que a idade me jogue contra o muro?

Afinal, quando a idade me exigir atenção,

Serei uma lembrança boa ou apenas uma recordação?