XXI / Leitmotivs

não lembro como chorar a dor do mundo.

(as casas espreitam os homens

que correm atrás das mulheres

a tarde talvez fosse azul

não houvesse tantos desejos);

desde cedo ouço o choro sonoro da ave

desde cedo sei da lágrima do céu azul

não sei chorar a dor do mundo

e Deus, como ela é imensa.

pranteio em tear;

toco em prece.

tateio

choro a dor do mundo

à minha maneira de amor

e que mais se tem?

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poema de amor, n° 7

quando você se vai

deixa-me o som do silêncio

se soubesse chorar,

choraria

(as brancas penas de cisne

das asas da eternidade

embalam-me em piedade

de quem sente a dor do mundo;

dão-me dormir

à luz branca)

pero,

mi paloma

se me olvidó cómo dormir

Alê Ramponi e Carlos Drummond de Andrade
Enviado por Alê Ramponi em 08/09/2024
Reeditado em 08/09/2024
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