ÚLTIMO ATO

Tive sorte,

tenho amores...

com eles aprendi

a ver a vida

e também a morte.

Um dia vi um homem

repousando no sofá

da sala de estar,

à espera da sua hora.

Às vezes,

ela vem assim,

bem devagarinho,

silenciosamente,

como um passarinho...

Às vezes,

é até boa...

outras, pode vir

na lâmina fria

ou na bala à toa.

Pode ser quente

como na sezão,

às vezes fria

com um arrepio.

Pode ser rápida,

de coração...

ou estupidamente

nos segundos

de uma desaceleração.

Sei que tudo finda...

sei que na vida

já tive sorte!

Quero finalmente

esperar sentado,

bem tranquilo,

na varanda

da minha casa,

a fraterna MORTE.

Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 03/09/2024
Código do texto: T8143641
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