Frugalidade

De repente toda a alma que se faz presente,

Vive na contradição de ser ausente,

Presa no arcabouço de uma inexistência,

Que não suporta promessas de essência.

A conexão de muitos é apenas bancária,

Presa em aparências e frugalidade,

Expressão de uma sinceridade deficitária,

Que se esconde na própria superficialidade.

Tudo o que perece é desejado,

Tudo o que traz infinito é repudiado,

Seja em função de um desejo forjado,

Na idolatria que repreende o que é odiado.

O diabo dos outros somos nós,

Nas chamas do inferno onde nos lançam,

Em dissabores de amores sós,

Que de longe ou de perto nos enlaçam.

Estamos perdidos entre o que somos,

E o que querem que sejamos sem ser,

Amaldiçoados por não sermos mais do que almejamos,

Abandonados ao não entregar o reflexo do que outrém quer de fato ter.

Assim findam histórias de amor incompletas,

Talvez nunca tenham sido de amor real,

Só de decepções completas,

Em uma vida de entrega desigual.