A dor me escolheu
A dor não me avisou quando chegaria
E cá está, desesperada bateu sem avisar
A convidei para entrar
Ofereci chá, mas ela só bebe cerveja
Ofereci calma, mas ela prefere o desassossego
Ofereci então o silêncio,
mas ela escolheu os discos.
Minha mais nova convidada
Não sei quando poderá partir
Por isso a trato bem
Aconchego ela aqui dentro de mim
Ofereço casa, alimento-a,
ouço o que ela tem a dizer,
até dou asas a ela.
Mas ela insiste em permanecer
Talvez ela ainda não possa voar
Acho que eu até posso ensiná-la,
Com calma, um dia ela vai aprender
Logo vai poder usufruir
Da liberdade de poder partir.