Apenas um instante
Dorme em sepultura, a morte aguda de ponta, a dor que espezinha e tortura.
O ego ferido e passado, um céu tão de cinza, deixado, migrado de lugar feio.
O riso de falsidade, o abraço que envenena, a mesquinhez do arrogante.
Sob um rolo que compacta, um tempo é só velhice e ilusão.
Enganou o espelho à vaidade velha , o forte pariu o cansaço.
E como rios belos, engolidos de fúria e aguaceiro, o mar metido que não exita.
Passou a dor e o medo, tudo era um quadro de morbidez.
Tintas velhas e doenças, se terminam em memória gasta.
O sol de amanhã nem lembrará da nuvem boa.
Este esboço mal escrito é um filho.
No esquecimento de ranzinza minha, logo mais, não mais aqui.
Ouço ao longe a voz do sol, que já bem exausto, pede montes, e uma lua que o ajude.
Morre em tumbas, a tundra, o bosque belo, o menino, o amarelo, toda beleza da vida.
Nesta insistência de sorrir, vou disfarçando o medo da escura estrada.
Dorme em sepultura...
Apenas um instante
João Francisco da Cruz