Inversão de Papéis

E o corpo, um velho templo do ontem

Aos poucos cede lugar ao cansaço da existência

Os filhos, em sua infância

Foram órfãos de suas próprias esperanças

Mas o destino, em sua ironia cruel

Redefine as regras do jogo

De repente, o altar dos deveres se invertem

Os pais se tornam crianças, sendo guiados pelos filhos

Que agora desempenham papéis de tutores e guardiões

O velho pai, que antes erguia o fardo das responsabilidades

Agora procura apoio na mão forte do filho

E a mãe, que em dias de outrora foi o refúgio

Agora anseia pela ternura dos braços que cresceram

O olhar paterno, agora é o olhar de uma criança

Que não compreende a vastidão do mundo

Como antes compreendia

As perguntas se tornam murmúrios

E os conselhos, ecos de um tempo distante

Os filhos, com sua própria carga

Carregam o peso de um novo papel

Como ser o farol para aqueles que outrora foram guias?

Como reverter a inversão dos papéis

Sem sucumbir à pesada atimia do destino?

Anna Gonçalves
Enviado por Anna Gonçalves em 30/08/2024
Código do texto: T8140585
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