TEMPO REI
Era uma vez um tempo
que cheirava a talco de bebê.
E nas travessuras ingénuas de criança,
quis também o cheiro de terra molhada,
correr entre carneiros nas manhãs de Setembro.
Eis que o tempo foi crescendo
ávido com os olhos nas asas do futuro.
Agora com o perfume dos porquês da juventude,
sem ainda entender o fim das horas no querer,
e o ar que era puro bate de cara com o muro,
farol de alertas nos semáforos da vida.
O tempo, ele que nunca envelhece,
vestiu-me numa pele de perfumes confusos.
E nos voos pelas desigualdades do mundo,
cata-vento da estrada sem estações infinitas,
corpo penas adultas num coração de menino.