VELHOS SORRISOS ADOLESCENTES - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros.

É preciso recontar a mesma história

repetida, engraçada... enfadonha,

revirar o a velho arquivo da memória,

ver o enredo desfilar... sem ter vergonha.

Nós, idosos, filhos de antigos tropeços,

tão avessos às mais tolas decisões,

carecemos de lembrar nossos começos,

quando os sonhos transformavam-se em paixões.

O silêncio é nosso espelho favorito,

nossos risos, testemunhas da alegria,

que sentimos tantas vezes... que bonito

mergulhamos nos azuis da fantasia...

Quando não há mais ninguém que nos escute,

nossas velhas confidências adormecem

em nós mesmos, e é preciso que se lute

contra a dor que essas memórias não merecem.

Nosso amor resiliente nos conforta,

nossas portas não têm chaves,

nossa fala

se distrai com nosso humor...que mais importa?

Afinal, nenhum retrato enfeita a sala...

E se enfeita... é natural que a miopia

não enxergue o retrato desfocado

pelo tempo... mas se há página vazia,

o destino é que completa o outro lado.

Por gentileza, amor, generosidade,

e afetuosa e sutil compreensão,

há quem nos ouça com tão digna bondade,

que até aprende com o nosso coração.

O que nos resta ? ...esse riso pueril

que nos diverte, abençoa e resgata

outro sorriso adolescente ou infantil

e nunca mais, o abandono que nos mata.

Quando estamos muito sós diante de alguém

como nós, uma feliz melancolia nos comove... e como isto nos faz bem,

ao sentirmos como é doce essa alegria.

Nessa ingênua e delicada adolescência,

tão senil... e pueril, a dor que morre,

ressuscita nossa doce inocência

no sorriso mais feliz... que nos socorre.

Às 13h e 46min do dia 26 de agosto de 2024 do Rio de Janeiro. Registrado e Publicado no Recanto das Letras.